Tudo começou com um tal Henriques que não se dava bem com a       mãe e acabou por se vingar na pandilha de mauritanos que vivia do outro       lado do Tejo. Para piorar ainda mais as coisas, decidiu casar com uma       espanhola qualquer e não teve muito tempo para lhe desfrutar do salero       porque a tipa apanhou uma camada de peste negra e morreu. 
Pouco tempo depois, o fulano, que por acaso era rei, bateu também       as botas e foi desta para melhor. Para a coisa não ficar completamente       entregue à bicharada, apareceu um tal João que, ajudado por um amigo de       longa data que era afoito para a porrada, conseguiu pôr os espanhóis a       enformar pão e ainda arranjou uns trocos para comprar uns barcos ao filho       que era dado aos desportos náuticos. De tal maneira que decidiu pôr os       barcos a render e inaugurou o primeiro cruzeiro marítimo entre Lisboa e o       Japão com escalas no Funchal, Salvador, Luanda, Maputo, Ormuz, Calecute,       Malaca, Timor e Macau . 
Quando a coisa deu para o torto, ficou nas lonas só com um pacote       de pimenta para recordação e resolveu ir afogar as mágoas, provocando a       malta de Alcácer-Quibir para uma cena de estalo. Felizmente, tinha um       primo, o Filipe, que não se importou de tomar conta do estaminé até       chegar outro João que enriqueceu com o pilim que uma tia lhe mandava do       Brasil e acabou por gastar tudo em conventos e aquedutos.
 Com conventos a       mais e dinheiro menos, as coisas lá se iam aguentando até começar tudo a       abanar numa manhã de Novembro. Muita coisa se partiu. Mas sem gravidade       porque, passado pouco tempo, já estava tudo arranjado outra vez, graças a       um mânfio chamado Sebastião que tinha jeito para o bricolage e não era       mau tipo apesar das perucas um bocado amaricadas. 
Foi por essa altura que o Napoleão bateu à porta a perguntar se o       Pedro podia vir brincar e o irmão mais novo, o Miguel, teve uma crise de       ciúmes e tratou de armar confusão que só acabou quando levou um valente       puxão de orelhas do mano que já ia a caminho do Brasil para tratar de uns       negócios. 
A malta começou a votar mas as coisas não melhoraram grande       coisa e foi por isso que um Carlos anafado levou um tiro nos coiratos quando       passeava de carroça pelo Terreiro do Paço. O pessoal assustou-se com o       barulho e escondeu-se num buraco na Flandres onde continuaram a ouvir       tiros mas apontados a eles e disparados por alemães. Ao intervalo, já       perdiam por muitos mas o desafio não chegou ao fim porque       uma senhora vestida de branco apareceu a flutuar por cima de uma       azinheira e três pastores deram primeiro em doidos, depois em mortos e       mais tarde em beatos. 
Se não fosse por um velhote das Beiras, a confusão       tinha continuado mas, felizmente, não continuou e Angola continuava a ser       nossa mesmo que andassem para aí a espalhar boatos. Comunistas dum       camandro! Tanto insistiram que o velhote se mandou do cadeirão abaixo e       houve rebaldaria tamanha que foi preciso pôr um chaimite e um molho de cravos       em cima do assunto. 
Depois parece que houve um Mário qualquer que assinou       um papel que nos pôs na Europa e ainda teve tempo para transformar uma       lixeira numa exposição mundial e mamar duas secas da Grécia na final. 
E o Cavaco e o Sócrates? 
O Cavaco foi com o Pai Natal  o Sócrates e o palhaço no       comboio ao circo. 
1 comentário:
pátria esta de vãs glórias...
Enviar um comentário