1 de abril de 2011

de que é que se tem medo?

Gil, José (2004) Portugal Hoje, o medo de existir. Edições Relógio D'Água

O medo é uma estratégia para nada inscrever, quer dizer, de existir, de afrontar as forças do mundo desencadeando as suas próprias forças de vida. Medo de agir, de tomar decisões diferentes da norma vigente, medo de amar, de criar, de viver. Medo de arriscar. A prudência é a lei do bom senso português.

(...)O medo é o medo do poder, mas também da impotência própria diante do poder. Medo de não saber e de ser desmascarado. Medo de ter medo. Medo de parecer ter medo, de parecer fraco, incapaz, ignorante, medíocre.

(...) este medo, em Portugal, (...) agudiza-se sob o poder extraordinário que entre nós possui a imagem de si. Esta (...) impõe regras de comportamento, interioriza interditos, auto-censura o indivíduo. Constitui um limite severo à livre expressão, ao pensamento e acções livres. Sair das fronteiras definidas pela norma equivale a arriscar-se a adoptar uma imagem de si auto-destrutiva.

A imagem de si (...) está no ar, na atmosfera, no olhar dos outros e, pior, no olhar interior do superego que todos corrói. (...) absorve as forças vitais do indivíduo, desenvolvendo uma entropia imparável. O medo de não estar à altura impera, arruinando potencialidades criativas; medo que implica arrastar outros, como o de ser avaliado, de ser julgado, de ir a exame.

recomendo a leitura deste livro. é pequenino, conciso, e acerta na mouche sobre o espirito derrotista que impera neste país. aproveite-se agora, que estamos a virar uma página, para que se comece a acreditar que conseguimos fazer mais do que até aqui temos feito. aproveite-se para mudar mentalides. aproveitem os jovens para começar a pensar e agir como jovens, e para se deixarem de seguir métodos e estratégias ultrapassadas. aproveitem os menos jovens para aceitar que o tempo é de mudança e não de inércia em add continnum.

aproveitemos todos para parar de nos escondermos atrás das palavras dos pseudo-opinion makers, e passemos a liderar a nossa vida noutro sentido que não o fundo.

aproveitemos para sermos cidadãos, com tudo o que isso implica, sem que para isso termos que foder o outro para parecermos cidadãos cumpridores.

aproveitem para começarem a amar-se mais... nem deus sabe o que poderá acontecer, se assim for.


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